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Folhas partidas
Friday, November 14, 2008
 
Esses pássaros que me rodeiam, esses pássaros que me fazem serenata, saberão o quanto estou desesperado? Outra coisa: meu riso percebe que nao é necessariamente um ricto nervoso, que a morte de uma amiga trouxe sim uma alegria incômoda talvez de gratificação? A morte antes da morte. A morte na dor e na extinção da dor. A morte. De novo. Vergonha, temor, frustração. O fim de tudo.
 
Saturday, January 06, 2007
 

há um momento em que sumir é tudo
e arrasta os planos mas não em si
porque sumir não compreende planos
porque sequer é um plano e foge
por entre as cinzas dos desejos
e ansiedades que no vazio culminaram.

há um momento em que o vazio é tudo
e encheria a vida se vazio não fosse
porque quando tudo se torna em nada
nada a esperar exceto o passar do tempo
levando a lugar nenhum, lugar-comum
e aí eu faço a minha cama

Há esse momento em que é preciso crer
e não há mais em quem, se alegrar
contra o desespero e não há porquê
dizer meu amigo não é o fim, minha amiga
fica comigo por favor. E silencio

tive uma crise de nervos e patético fui
- não vos comove isso, vós que passais
pelo caminho? vede se há dor maior...
mas não... se afastam e partem, retomam
seus afazeres. as vezes pra ser fiel
a si mesmo é preciso ser incoerente
e fidelidade é antes a um princípio
que à palavra - duro pois
quando o princípio também foge.

Há um momento em que morrer é tudo
e a vontade podia ser tal que a gente
pudesse apenas segurar a respiração
e morrer. mas morrer não é cumprimento
de uma vontade, e como o amor desejado foge
e virá decerto quando eu não o queira mais.
 
Sunday, December 24, 2006
 
Não é de hoje que não há datas sagradas ou talvez sim, o Hoje, mas quem o respeita? Cada um voltado pra si mesmo, pra sua casa, é natal. E já que estamos no assunto, o que será diferente no natal por causa da internet? Ah sim, o amor faz a diferença, por meio de qualquer tecnologia ou sem nenhuma. E onde o amor? - talvez nas mesas festivas das famílias (hoje com internet no quarto ao lado como um adereço a mais pra belíssima noite de harmonia e paz), mas não terei uma família, nem uma noite; talvez nos condomínios e vilas fechadas, protegidos do mundo e, inclusive, não raro, do próprio amor, mas isso será compensado com uma ida ao msn; talvez nos movimentos sociais – não há fome, é natal, doe alguma coisa pelo site; talvez nos que se agruparem como a tribo universal dos sem-natal e ainda aí não poderei me incluir, contato inócuo, meia-verdade, frase incompleta que sou (e pra ser sem-qualquercoisa e preciso pelo menos ser qualquer coisa) que fugirá pros cybersrock. E ao chegar a noite, dispersos os tres ou quatro mencionados no post pelos ventos do mundo, não sei onde estarei, se estarei, o que farei com a esperança mais uma vez expulsa de minha árvore, que queria enfeitar de tão pouco: uma amizade simples, sem cobrança; uma companhia sem perspicácia mas próxima; um amor pequeno mas inteiro, sem crises e sentimentos de posse e ciúmes; uma coerencia de intenção mais que de palavras, a vida que é feita de riscos ou não se atravessaria uma rua, a internet enfim não pedra mas regato correndo entre as flores e a merda, mas indo, vendo a vida como a vê uma canção triste (mas canção, mas canção...), com o olhar do peregrino sem lugar pra dormir depois da farra do consumo e das comidas, o peregrino como aquele, mas sem reis como visita, sem presentes e muito longe de qualquer profecia.
 
Monday, December 18, 2006
 
Se não somos obrigados a seguir um caminho de ontem porque ainda é o melhor mas não o mais real, como continuarei na internet é uma dúvida que tenho. A net foi fundamental pra minha subsistência ao longo dos últimos dez anos. O Google tem sido vital pra mim; tenho alguns amigos verdadeiros do modo antigo que jamais conheceria não fora a web. Respeito Berners-Lee mais do que quaisquer filósofos, tanto quanto qualquer Nobel. É em nome de tudo isso que questiono a internet que se faz hoje, que estamos fazendo, um mundo que reproduz o pior do real e, no nosso caso em particular, onde postamos em profusão a ponto de não termos tempo de ler todas as coisas interessantes que postamos e onde posts não são nossos; onde receitas são poesias, classificados qualquer outra coisa; onde nos tornamos menos partilhadores do que juízes (sem o salário deles...), os amigos recebem update pro modo novo, o superficial, e em meio a deformações desse tipo eis-nos absolutamente inócuos. E era um caminho tão promissor. Você dirá que complico que sou isso e aquilo – não tiro sua razão. Ou talvez o amor seja perfeccionista. Se digo "É", gostaria que fosse e não ficar contente em achar justificativas para que não seja. Como tantos outros, eh um sonho que tenho.

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monicadib wrote on Dec 15:
Seu texto é bastante denso,complexo, não sei se consegui alcança-lo pelo menos uma parte dele. Assim disse Monica. A internet mudou nosso cotidiano REAL.Me pergunto,qual o limiar (que me parece tênue) entre real e virtual.

anaparga wrote on Dec 16, edited on Dec 16:
Adorei o seu texto, Ricardo, cheio de sugestões pra refletir, além de bem escrito, e sentido. Por enquanto, só comento o seguinte: a internet é um saco de gatos - tem de tudo, sendo muitas vezes difícil separar o joio do trigo. Da parte boa, reforço suas palavras e digo que tenho conhecido gente muito boa, que hoje faz parte do meu dia-a-dia ainda que não as conheça pessoalmente. Sinto falta delas! Importa a mim saber o que elas pensam! São pontos de referência. Mas apesar disso, é tudo um bocado virtual sim! Como uma bolha que pudesse estourar e desaparecer. E por ser virtual é um terreno cheio de armadilhas também. Quando paro pra pensar nisso, me dá uma certa confusão. Quando NÃO paro pra pensar, falo com minha família do outro lado do oceano, troco idéias (com menos timidez) com meus amigos do multi, alguns já quase tão presentes como se vivessem aqui na minha rua. E retomo amizades que ficaram pelo caminho. Essa tem sido a melhor parte desse estranho mundo, tão pouco palpável.
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Não sei se acho tão complexo não. Por exemplo, há as formas de vida-relacionamento que não se utilizam da comunicação verbal - onde importa antes o olhar, o toque, o silêncio, o gesto - não são possíveis pela internet. O limite aqui é totalmente objetivo. Daí, não pode existir um relacionamento intenso que se esgote no virtual; daí o virtual pode ser apenas um preambulo, um suplemento, e jamais atingir o atual status de relacionamento em si. Por definição, um contato (na forma do multuply) é apenas isso e nem isso se os contatos em questão a ele pretendem se resumir ou a ele tendam entregar a parte principal do relacionamento, como fim. Pessoas em países diferentes, com contato apenas tecnológico (verbal), podem ser maravilhosos amigos e até mais, desde que, acho, não pretendam que isso possa acontecer plenamente antes do conhecimento não tecnológico. Em contrapartida, se o objetivo é apenas ser feliz usando um meio que naturalmente evita os transtornos pessoais, pode acontecer, mas seria como uma droga que altera sentimentos (porque ser feliz ou não é basicamente apenas sentir-se mal ou bem). E, claro, a droga altera a percepção no sentido da felicidade; mas n~~ao pode dar estrutura para que alguém seja realmente feliz. Por aí...

editdeletereplyricardr wrote today at 7:27 AM, edited today at 7:44 AM
anaparga said
Quando NÃO paro pra pensar, falo com minha família do outro lado do oceano, troco idéias (com menos timidez) com meus amigos do multi, alguns já quase tão presentes como se vivessem aqui na minha rua.
É isso. Na verdade, há uma pessoa q estah mto mto longe com quem me identifico totalmente, que admiro e respeito, a quem amo, e é - ainda espero - apenas um contato do multiply. A alegria de saber as coisas que passa é tanta qto saber de alguém como vc diz da minha rua. É de fato como se estivesse na minha rua, como se pudesse a qualquer momento ve-la, toca´-la (e assim essa sensação supre a comunicação não-verbal), quando o não pensar a que vc se refere é tão intuitivo que chega mesmo a ser real. É o amor a que me referi. O sonho idem...

editdeletereplyricardr wrote today at 7:41 AM
anaparga said
com menos timidez
essa é msm uma questão importante, né? mas acho que posso falar como supertimido que sou que a timidez tb se esgota no não-conhecimento, no antes de. O primeiro dia de aula, o primeiro encontro etc. Dps, não há timidez que resista aa necessidade de a gente superar a separação, o sermos sós no mundo. Se passamos para dentro da vida externa a nós, o mundo, se chegamos lá (por meio das pessoas, dos relacionamentos, do trabalho e tals), esse mundo já não existe (não como externo e motivador do sentimento de estar só). Como não existe a razão da timidez, a timidez também deixa de existir. Mas se é preciso redescobrir meios de alcançar esse objetivo tão primário de não ser só, e a internet é o maior deles hoje, há o perigo inverso, da promiscuidade. Como em tudo bem legal seria uim meio-termo, um equilíbrio, o usar a internet (e o dinheiro, e o trabalho, e as próprias pessoas de certa forma), de uma forma bacana, e não sermos usados - inclusive pelas pessoas.

Um beijinho, ana...
 
Wednesday, December 13, 2006
 

é você, se me esqueço em meio aos afazeres
quem se lembra de mim, de como sou forte
e paradoxo me perco num cotidiano aprisionado:
você, o hábito e a morete se revezam
enquanto o caminho segue até a noite
inalterável e, nua, é a estrela que me leva
Não diga pois que foi uma estória
que a criança repetiu ao ver no olhar da mãe
Nem o desenho inquieto como a caça que sabe
não poderá livrar-se desse deus
Você, a palavra,
o que sei além do que faço
o que lembro quando nada mais sei
o que se perdeu, o que se achará
o horizonte, a noite e o dia,
e o mar tenue a dividir as expansões
Quem, trabalho e pensamento, ansiedade
e ócio, observa, insiste, transforma e, nua
ainda, é o vôo que resta
 
Thursday, December 07, 2006
 
Quando punha o CD, ouvi os pardais, a que a música se sobrepôs. O efeito era belo. Causou estranhamento. Provocou um sorriso. Não há mais muitas vilas no Rio, nem casas de vila, nem jardins nas casas de vila do Rio, mal existem jardins salvo os adotado por shoppings. Ela lhe murmurou o nome com o fio de voz que lhe restava. Eu não quero morrer, ela disse. Pediu que ele lhe prometesse... O que ela quisesse. Aa meia noite do dia 31, quando estiverem festejando o ano novo... Onde estavam? Na casa dos teus pais. As petúnias floriram? Estão lindas. Brancas e lilases. O açafate lembra estrelas violáceas. Uma lástima que houvesse descoberto tão tarde que um jardim era a mais eficiente das terapias. Tarde: nada significa. Lástima? Tampouco. E os beijinhos? No mesmo canteiro em que estão as boas-noites. — Parecem uma mesma espécie de flor. Seria o “beijo de boa-noite”, a flor favorita de Proust. Seria sim — sorri. E a caliópis? Era a bordadura amarela do quintal. O mar continua a encher e passa, das longas ondas amanteigadas, a quebrar miudinho na areia, com barulho semelhante ao murmúrio no diálogo de homens educados, pausando entre as frase e silenciando aa espera das replicas, as vezes esticadas numa explicação, outras detidas em monossílabos. Dizem que a revolução só existe a partir do revolucionar a própria existência. Serei capaz?
 
Saturday, December 02, 2006
 
Pra que acrescentar justamente aquilo que você menos precisa e quer?
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

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